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Ancelotti já descobriu: América do Sul tem o pior futebol do mundo

       

Carlo Ancelotti, novo técnico da seleção brasileira, não conseguiu aguentar até o final de um jogo do Brasileirão. Foi apresentado à baixíssima qualidade do futebol nacional, após ter feito uma convocação recheada de jogadores locais 


Artigo de Paulo Matuck
03/06/2025


Prestes a fazer sua estreia no comando da seleção brasileira, o técnico italiano Carlo Ancelotti resolveu dar uma blitz nos principais clubes do país. No domingo, 1º de junho, foi a vez do Corinthians. Na Neo Química Arena, assistiu ao jogo contra o Vitória, pela décima primeira rodada do Brasileirão 2025.

Não aguentou até o final. Aos 34 minutos do segundo tempo, deixou as tribunas. O insuportável 0 a 0 o afugentou do estádio. No comando do Corinthians estava justamente Dorival Júnior, que ao ser demitido do comando da seleção canarinho, abriu o caminho para a chegada de Ancelotti.

América do Sul tem o pior futebol do planeta

O desenvolvimento do jogo pode ter sido uma surpresa para o treinador italiano. Entretanto, quem tem o radar ligado para o futebol mundial já sabia da fragilidade da liga brasileira.

Não é a única. Pode dar as mãos para Argentina e Uruguai, suas vizinhas, que são consideradas as principais do continente. No panorama mundial, estão entre as mais pobres quando se avalia a qualidade do futebol apresentado.

Nas seleções tudo, nos clubes, nada

Quem mira apenas as conquistas das seleções pode ter uma visão equivocada. Afinal, somados os títulos de Brasil, Argentina e Uruguai, a América do Sul acumulam 10 títulos de Copa do Mundo em 22 edições. Equipes europeias levantaram a taça em 12 ocasiões.

Esse equilíbrio, entretanto, não é replicado quando se pensa em clubes. Desde 2013, somente clubes do Velho Continente dão a volta olímpica. São 12 títulos consecutivos de europeus. Nesse período, em metade das disputas os clubes da América do Sul sequer conseguiram avançar para a decisão.

Um retrato bem mais exato da qualidade do futebol local.

A diferença do desempenho entre seleções e clubes sul-americanos na comparação com a Europa é fácil de ser explicada. A América do Sul segue produzindo atletas de alto nível técnico.

Entretanto, todos eles vão jogar nos principais clubes do Velho Continente. A segunda prateleira sul-americana, vai compor o banco de reservas desses times e reforçar equipes do pelotão intermediário. Quem está um degrau mais abaixo, consegue emprego em times de menor investimento das principais ligas. E assim por diante.

Dessa forma, ficam no continente apenas aqueles que não conseguiram emprego na Europa. Ou seja, é a sobra do resto. Agora, Ancelotti parece ter percebido essa diferença. Quando fez a lista de sua primeira convocação da seleção brasileira, parecia ainda não ter essa noção.

Ancelotti chamou quase 30% de atletas locais

Dos 25 convocados para as partidas contra Equador e Paraguai pelas eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, sete atuam em solo nacional. O índice de 28% pode parecer pouco, mas é extremamente generoso diante da disparidade de futebol entre os países da Europa e da América do Sul.

Essa disparidade na comparação com os europeus é conhecida. Porém, os sul-americanos estão longe de terem ligas interessantes mesmo na comparação com torneios periféricos. É o que mostra um ranking produzido pelo blog Futebol e Muito Mais.

Para a listagem, foram utilizados somente critérios objetivos: média de gols marcados, média de cartões exibidos, percentual de jogos que terminaram sem vencedor e também o nível de equilíbrio dos torneios. 

Foram 14 as ligas nacionais analisadas. Na Europa, Portugal, Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha.

Na América do Sul, considerou-se os torneios de Brasil, Argentina e Uruguai. Também foram incluídos na análise os campeonatos de México, Estados Unidos, Arábia Saudita, Japão e Austrália, o que permitiu uma visão global da qualidade das competições.

O ranking ficou assim: 


Obviamente, os critérios do ranking podem ser questionados. Veja a seguir quais foram eles e como cada país apresentou o desempenho.

Futebol é bola na rede


Dizer que futebol é bola na rede claramente é um clichê. Isso, no entanto, não torna a afirmação menos verdadeira. Afinal, quando a pelota é colocada para rolar, o que importa mesmo é ver gols. Trata-se do objetivo da modalidade.


Nesse quesito já é possível perceber a falta de qualidade dos torneios da América do Sul. As três ligas do continente estão entre as quatro piores quando se fala em bola no fundo da rede. Os europeus são três entre os cinco melhores.

O líder do ranking, contudo, é a Austrália, que tem índice de 3,26 gols/jogo. Nesse caso, é preciso analisar a situação do futebol australiano. A A League ainda está em processo de desenvolvimento. Tem somente 13 clubes, sendo que um deles, o Auckland, é da Nova Zelândia. Enfim, ainda engatinha. Mesmo assim, mostra números invejáveis.

Dia de jogo é para comemorar

O segundo quesito analisado foi o número de jogos que terminam sem vencedor. Embora existam exceções, empates são frustrantes. Nesse caso, menos é mais. Quanto menor o número de igualdades, mais interessante fica o torneio.

O resultado da análise mostra as competições de Argentina, Uruguai e Brasil no topo do ranking. Entre os europeus, quem tem o índice de empates mais próximos dos líderes desse ranking negativo é a Itália.

Arábia Saudita e França estão na outra ponta do ranking. Nessas competições, acontece uma igualdade a cada quatro partidas. Ou seja, em 75% dos jogos um time deixa seu torcedor feliz.

Veja a seguir os rankings de números de vitórias dos donos da casa e dos visitantes. 





Cartões amarram o jogo


Outro critério analisado foi o número da cartões exibidos. Novamente nesse caso, quanto menor, melhor. Afinal, isso significa que o confronto tem maior fluidez. Cada advertência apresentada significa uma paralisação na disputa.


Novamente as ligas sul-americanas apresentam os piores números. Dos quatro países que mais contabilizam cartões amarelos, três são do continente. Entre os Europeus, Portugal e Espanha mostram números similares.

Aproveitamento é indicador de equilíbrio

O último item analisado foi o aproveitamento do time campeão. Também nesse quesito, quando menor o aproveitamento, melhor. Isso mostra que a luta pela taça foi acirrada. Números menores refletem um campeonato com maior emoção.

Emoção é o ponto forte dos sul-americanos. Argentina, Brasil e Uruguai mostram torneios equilibrados. No outro lado da lista, estão México e França. No caso dos mexicanos, a emoção é garantida pelo regulamento.

Ao final de um período classificatório, são realizados jogos eliminatórios para que o campeão seja definido. Assim, se na parte inicial não há muita emoção, isso é compensado na reta final. 

Quando se vê a Ligue 1, entretanto, a emoção é reservada apenas para a briga por vagas em torneios internacionais e contra o rebaixamento. 

Como foi feito o levantamento

O levantamento do Blog Futebol e Muito Mais levou em consideração as mais recentes temporadas dos campeonatos de Austrália, Itália, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Portugal, Arábia Saudita e França. Todos eles já foram completados.

No caso e Uruguai, Argentina e México, há, na prática, dois campeonatos por ano: o Torneio Abertura e o Encerramento. Para a análise foi considerado a competição inicial, que já foi completada nos três países.

No Japão, a liga nacional está em andamento. Assim, foram avaliados números do primeiro turno (19 rodadas). No Brasileirão, contabilizou-se as 11 primeiras jornadas. 

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