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O técnico português Vitor Pereira Foto:Reprodução do site do Wolverhampton |
Vitor Pereira desembarcou no Brasil com imagem de técnico de primeira linha. Saiu rotulado como mentiroso e incompetente.
O português foi recebido com festa pela torcida do Corinthians. Assumiu o clube em fevereiro de 2022 para ser o anti-Abel Ferreira, vitorioso treinador do Palmeiras, também nascido em Portugal.
Fez 63 jogos à frente do alvinegro. Colheu 29 vitórias, 16 empates e 18 derrotas. Teve como seu ponto alto a semifinal da Copa do Brasil. Diante do Flamengo, o Corinthians foi eliminado. Os corintianos, contudo, pareceram satisfeitos em perder de pouco e ter dado trabalho ao rubro-negro, dono de um elenco bem superior.
A atitude de torcedores do Olaria dos corintianos fez parecer que Pereira teria realizado um bom trabalho. Não fez. Porém, mesmo assim, recebeu uma proposta para renovar o contrato. A qual recusou alegando precisar voltar para Portugal para cuidar da sogra, que, segundo deixou a entender, estava nas últimas.
Milagre da medicina leva técnico para o Flamengo
A sogra foi milagrosamente curada. Pouco depois, Vitor Pereira fechou acordo para treinar o Flamengo. Então, a verdade foi conhecida. Não queria ficar no Corinthians devido ao elenco pouco promissor. A mentira levou os torcedores corintianos à loucura.
No entanto, eles já tinham um pé atrás em relação ao treinador por uma verdade dura. Em uma entrevista, Vitor Pereira cometeu um sincericídio. Disse que só estava no Corinthians por não ter opção melhor. Queria mesmo era treinar o Liverpool.
O clube inglês, naturalmente, não mostrou nenhum interesse no treinador, que a encontrou no rubro-negro carioca, um elenco bem mais forte. Seria seu trampolim para conquistar títulos e, então, finalmente, alcançar o almejado emprego na Premier League.
Fracasso no rubro-negro foi o pior da carreira
Não deu. O Flamengo, apresentou o pior trabalho de sua longa carreira, iniciada em 2004 à frente do pequenino Sanjoanense, de Portugal. No rubro-negro perdeu tudo que poderia. Após apenas três meses no cargo e 20 jogos (dez vitórias, dois empates e oito derrotas), foi demitido.
A saída do Brasil não foi triste. Ao menos, financeiramente. O treinador, que no Corinthians havia dito que já estava rico, encheu ainda mais o seu cofrinho com uma significativa multa rescisória. E viu no Al-Shabab, da Arábia Saudita, uma chance de engordar ainda mais sua conta bancária.
No clube saudita, ficou quase um ano. Foram 30 jogos (16 vitórias, quatro empates e dez derrotas). Brilho zero. Passou, então, um cavalo arriado à sua frente. A demissão de Gary O´Neal abriu a chance de assumir um time da Inglaterra.
Não o sonhado Liverpool, mas o Wolverhampton. Aceitou na hora. Afinal, era o que tinha para hoje. A missão nos Wolves era das mais fáceis. A única meta viável que restou ao clube após um início desastroso de temporada era evitar a queda para a Segunda Divisão.
Considerando-se o elenco do Wolverhampton, com capacidade para ocupar a primeira metade da tabela de classificação, deixar a zona de rebaixamento parecia apenas uma questão de tempo. Aconteceria mais cedo ou mais tarde. Com Vitor Pereira, foi mais cedo.
Alcançou duas vitórias nas primeiras partidas. O mesmo número de triunfos de Gary O´Neil em 16 confrontos. No último jogo, mais um ponto na conta. Ficou no 2 a 2 com o Tottenham, em Londres. Resultado considerado positivo e suficiente para manter o time fora da região da degola.
Recuperação rápida dispara procura por 'segredo' do sucesso
A significativa melhora de rendimento sob a direção de Vitor Pereira levou à busca para se descobrir a fórmula do sucesso do lusitano em terras inglesas.
O'Neil, que tinha contrato até o final da temporada 2927/2028, fez seu último jogo com o Wolverhampton frente ao Ipswich. Em casa, perdeu por 2 a 1. Então, montou o time com linha de três zagueiros, quatro meias de contenção, dois meias de ligação e um atacante.
Vitor Pereira estreou com a vitória, por 3 a 0, fora de casa, ante o Leicester. Montou o Wolverhampton três zagueiros, quatro meias de contenção, dois meias de ligação e um atacante. Ou seja, exatamente como seu antecessor.
Mudanças de nomes? Somente três titulares no encontro com o Leicester não estavam na formação que encarou o Ipswich. Nada fora do comum. No padrão do revezamento de elenco comum nos times ingleses.
Na vitória contra o Manchester United, por 2 a 0, Vitor Pereira manteve o sistema 3-4-2-1. No empate com o Tottenham no domingo, 29 de dezembro, repetiu o formato. Então, qual foi a diferença real em relação à O'Neil?
Melhora parasse ser obra da sorte
Isso remete a um caso atribuído ao então presidente Jânio Quadros, que foi um dos grandes responsáveis pela ditadura de 1964 ao renunciar ao posto. Segundo o que se conta, a ele foi perguntado sobre a recuperação da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial.
O político enalteceu os germânicos, sua capacidade de planejamento e recuperação. Logo a seguir, foi feita a mesma questão, mas tendo como protagonista a Itália. Então, o ex-presidente disparou “aí foi sorte mesmo”.
O caso de Vitor Pereira pode se enquadrado nesse último quesito. Sem ter feito mudanças significativas no Wolverhampton, alcançou um rápido salto de aproveitamento. Logo, a única explicação que faz sentido é de que o português é pé-quente.
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