Streaming. Essa palavrinha da língua inglesa foi incorporada, como tantas outras, à língua portuguesa.
Especialmente para os cinéfilos e fanáticos por esportes.
Com muitas partidas fora da TV Aberta, que parece caminhar para obsolescência, virou a salvação para acompanhar os jogos.
Uma solução mais cara e ineficiente. Porém, é o que tem para hoje.
Quem assina o serviço já passou momentos de raiva quando o vizinho do andar de cima comemorou o gol mais cedo.
Ficou irritado quando recebeu a notificação do gol assinalado, de que o lance estava sobre análise do VAR (Árbitro de Vídeo) e foi anulado enquanto assistia placidamente uma insossa troca de passes no setor defensivo.
É a insustentável lerdeza da tecnologia.
Aceitar ou não o processo é irrelevante. Ele vai se tornando dominante. Agora, chegou até à demissão de treinadores. No Cruzeiro, Fernando Diniz protagonizou a primeira demissão via streaming.
Demissão começou em dezembro e terminou em janeiro
No começo de dezembro do ano passado, a imprensa mineira anunciou a queda do técnico. Ele sentiu o golpe. Mesmo sem ser informado pela diretoria do Cruzeiro, protestou contra a forma com que foi tratado.
Aí, o streaming travou. Só voltou a rodar na segunda-feira, 27 de janeiro, quando os cartolas cruzeirenses formalizaram a dispensa do treinador.
Embora nunca tenha sido confirmado, Diniz seria mandado embora em dezembro. Porém, o fato de a notícia ter sido vazada, o dono do Cruzeiro, o empresário Pedro Lourenço, deu um passo para trás. Resolveu manter o treinador.
Técnicos humilhados são especialidade da casa
Claramente uma manobra para dizer: “Aqui mando eu”. Não foi a primeira vez que isso aconteceu. O antecessor de Diniz, Fernando Seabra, foi submetido a um constrangimento ao ouvir, em um daqueles áudios vazados sem querer querendo no WhatsApp, que o dirigente estava descontente com suas escalações. Colocou o rabo entre as pernas e começou a acionar os atletas que o chefe desejava.
Estilo semelhante ao de Renato Gaúcho, o técnico mais cotado para ocupar a vaga aberta com a saída de Diniz. O ex-treinador do Grêmio já trabalhou em um clube que tinha um dono, ainda que extra oficial.
No Fluminense, patrocinado pela Unimed, seguia letra por letra a cartilha de Celso de Barros, comandante da empresa de saúde. Não será diferente com Pedro Lourenço.
Alguém pode ter pena de Fernando Diniz. Não há motivo para isso.
Ele já conhecia o estilo do dono do Cruzeiro e aceitou o cargo. Para isso, exigiu um contrato até o final de 2025. Assim, passará o ano recebendo dois salários.
Além do pagamento do clube mineiro, ainda receberá dinheiro do Fluminense, do qual foi demitido quando também tinha contrato até o final de 2025.
Outros poderão achar que o Cruzeiro terá um prejuízo. Também não é motivo de preocupação. Afinal, o já não é um clube associativo. Caberá ao dono tirar dinheiro do bolso para acertar as contas.
Quem deve mesmo pagar o pato por essa trapalhada é o consumidor da rede de supermercados que tem Pedro Lourenço como proprietário. O dinheiro terá que sair de algum lugar.
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