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Anúncio oficial da contratação de Leonardo Jardim. Foto: Site do Cruzeiro/Reprodução |
Em ritmo de Tartaruga, o Cruzeiro demitiu Fernando Diniz.
A substituição não foi em ritmo de lebre. Porém, tampouco demorou excessivamente.
Leonardo Jardim foi anunciado como novo técnico da Raposa. Entretanto, ainda não assumiu o cargo.
Seu longo e sólido currículo permite imaginar como ele deverá colocar o time em campo em busca de conquistas.
Afinal, com os pesados investimentos feitos no Cruzeiro, não se pode esperar menos que isso.
Na procura por comandante, clube mostra falta de rumo
O processo de escolha do novo treinador do Cruzeiro foi tortuoso e mostrou uma diretoria sem rumo.
Renato Gaúcho, um 'fake' técnico, foi o primeiro nome a ser cogitado. Segundo o noticiário, chegou a receber proposta da Raposa. Todavia, recusou.
A escolha pelo ex-treinador do Grêmio mostrou que, assim como faz com jogadores, o Cruzeiro procurava por grife, não por um profissional com carreira marcada pelo conhecimento tático.
O próprio Renato Portaluppi se orgulha de não estudar. É um arauto da ignorância.
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O Cruzeiro escancaro os cofres para montar o elenco de 2025. Foto: Site do Cruzeiro/Reprodução |
A segunda opção foi Thiago Carpini, treinador do Vitória. Um escândalo. Não pela falta de qualidade do profissional, mas pela incompatibilidade estratégica com o elenco do Cruzeiro.
Carpini é um retranqueiro. Tudo que o plantel ofensivo da Raposa não precisa. A conversa parece ter esbarrado em dinheiro. Quem diria. O clube baiano teria pedido R$ 3 milhões para liberá-lo do contrato.
Acabou ficando em Salvador.
Raposa encontra um português para chamar de seu
Um é pouco e dois é bom, a terceira tentativa do Cruzeiro foi ainda melhor. Leonardo Jardim é claramente um profissional superior aos dois primeiros nomes especulados.
No entanto, isso talvez sequer tenha sido cogitado pelos cartolas. Na verdade, eles encontraram um português para chamar de seu.
Embalados pelo sucesso de Jorge Jesus, em sua breve passagem pelo Flamengo, e Abel Ferreira, em seu longevo trabalho no Palmeiras, o martelo foi batido.
Leonardo Jardim, Jorge Jesus e Abel Ferreira têm estilos e planejamento táticos muito diferentes.
Jesus costuma construir seus times a partir do ataque. É um ofensivista. Ferreira não é um retranqueiro, mas tem no sistema defensivo a base de suas táticas. O novo treinador do Cruzeiro foge dos extremos táticos.
A única coincidência entre eles é o fato de terem nascido em Portugal. Ou nem isso. Jardim nasceu na Venezuela, mas adotou a nacionalidade lusitana de seus pais.
Carreira teve ponto alto no Mônaco
Leonardo Jardim tem 50 anos. Nasceu em Barcelona, uma cidade costeira na Venezuela. Porém, não é mais ilustre nativo do município, terra de Simon Bolívar, líder do processo de libertação da colonização espanhola na América do Sul.
Tendo optado pela nacionalidade portuguesa, Jardim começou sua carreira como auxiliar do minúsculo Portosantense, em 1998. Teve mais dois empregos nesse posto até assumir um time profissional pela primeira vez.
Em 2003, no Camacha, foi promovido para treinador. Por apenas um jogo. Também teve interinidade de uma partida no Chaves. A carreira de treinador começou mesmo no Beira-Mar, em 2009. Foram 66 jogos.
Então, começou sua peregrinação. Passou por Braga (46 jogos), Olympiacos (26), Sporting (35), Mônaco (duas passagens, totalizando 270 partidas), Al-Hilal (26), Shabab Al-Ahli (32), Al-Rayyan (31) e Al-Ain (13), o qual deixou para assumir o Cruzeiro.
Técnico revelou Mbappé
Como os números mostram, seu melhor e mais longevo trabalho foi no Mônaco. Especialmente a primeira passagem. Nela, levou o time ao título do Campeonato Francês.
Uma façanha para um clube que não se mostrava muito interessado em ganhar títulos. Era, na prática, um entreposto para a venda de jogadores. Lançava atletas de pouca idade na tentativa de valorizá-los e revendê-los mais tarde.
Essa estratégia teve no atacante Mbappé seu ponto alto. Recebeu o valor, então recorde, de 180 milhões de euros para cedê-lo ao Paris Saint-Germain. Mais de R$ 1 bilhão na cotação atual.
Treinador se adapta ao elenco
Jardim não é um técnico autoral. Não desembarca implantando suas ideias. Adapta seu planejamento tático aos atletas que têm em mãos. Porém, como todo treinador, conta um esquema preferido.
Gosta de montar um sistema defensivo com quatro atletas protegidos por dois meias de contenção. Algo que será muito útil no Cruzeiro, que tem dois atacantes que são avessos a colaborar na marcação.
Três meias são os responsáveis por ajudar a povoar a região e fazer a ligação com o único atacante. Nesse caso, pode existir um problema. Dudu, naturalmente, seria o escolhido para integrar esse bloco, que exige alguma dedicação à marcação.
No Palmeiras, chegou a exercer essa função com Abel Ferreira. No entanto, sempre deu a entender de que preferia atuar com mais liberdade. Com Jardim, a novela pode entrar novamente em cartaz, um vale a pena ver de novo.
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Wesley Carvalho, técnico interino do Cruzeiro. Foto: Site do Cruzeiro/Reprodução |
Como vai lidar com essa situação só poderá ser visto a partir de segunda-feira, 10 de fevereiro, quando assumirá, de fato e de direito, o cargo.
A previsão é que desembarque em Belo Horizonte no sábado, 8 de fevereiro, para acompanhar, das tribunas, o clássico com o Atlético-MG. Na partida, a equipe será liderada pelo interino Wesley Carvalho.
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